As coisas parecem não mudar.
O dia parece não dar cor ao sol e vice-versa.
A noite tem uma lua que não pode ser admirada.
O som do silêncio ecoa uma saudade distante.
De quem não tem mais pra onde recorrer no alto das montanhas.
O que é o limite pra quem já passou dele?
É o vento que sopra sem sentir.
É a areia se tranformando em sólida rocha.
Que desce barranco abaixo sem piedade.
A pedra que rola sem ponderação.
São palavras expelidas por quem já não sente mais o efeito delas ou não sabe o que diz.
O que foram palavras doces, hoje são notas que ferem.
E as formas perdem seu encantamento, mas continuam lá.
Como a rotina.
Como o telefone tocando.
Como os carros passando.
Como o coração batendo anêmico.
De que vale a genuidade de um toque, se o coração é gelado?
Se os olhares não se confundem? Se as mãos não se vêem?
O coração dói pelas coisas que não se fazem.
Dói mais pelas coisas que se fizeram.
E se desmancha pelas coisas que não serão feitas.
Mas continua batendo pelas memórias de quem a morte subexiste.
O que será da alma que não acredita em seu coração?
Qual é a sua motivação pra isso, quando você sabe que cada dia cinza que amanhece é ele que diz pra você que o sol não vai nunca mais ser o mesmo?
O dia cinza que chove.
Sendo a chuva a única certeza das cinzas, como a morte é da vida.
Chove a água que é a lágrima da angústia multiplicada, proporcionalmente, pela falta dessa mesma motivação.
O tempo passa parado no mesmo lugar.
Enquanto o pensamento, frenético, não pára.
Listening d*_*b Emerson, Lake, And Palmer - From The Beginning